Homilias e dizeres do Pe. Fernando Cardoso - 26 de fevereiro de 2012

Neste primeiro domingo da Quaresma, o Evangelista Marcos nos fala da tentação de Jesus. E logo após, fala-nos do início de Sua pregação na Galiléia, resumindo-a, magnificamente, nas seguintes palavras curtas, porém densas de significado: “O Reino de Deus está próximo; convertei-vos e crede no Evangelho.”

Conversão: “metanoia” do grego evangélico. Diante deste apelo e diante desta missão, nós, pregadores, gostaríamos, à primeira vista, de fazer como Jonas. Conta-nos o livro bíblico de Jonas, que o profeta foi enviado por Deus a pregar a conversão a uma grande metrópole da antiguidade, chamada Nínive, arquiinimiga histórica do povo de Israel. O livro não é lido em clave histórica e, no entanto, mesmo através do gênero do drama, Deus nos fala e nos ensina, pois é Palavra do Senhor que recebemos na docilidade de coração.

Os ninivitas, diz o texto, acreditaram nas palavras de Jonas e se converteram. Mas, nestas nossas metrópoles modernas, nesta nossa civilização tecnológica, quem ouve a palavra da pregação, quem escuta o Evangelho da verdade, quem está disposto, neste início de Quaresma, a converter-se a Deus de todo o coração?

Nós gostaríamos, à primeira vista, de fazer como Jonas, e fugir de nossa própria missão; deixar o mundo abandonado a si próprio. Porém, Deus nos obriga, neste início de Quaresma, repito, a anunciar ao povo de Deus, à gente a nós confiada, que é necessário converter-se. E conversão significa, antes de mais nada, uma revolução.

Mas atenção: o século XX caracterizou-se por muitas revoluções: revolução nazista, revolução comunista, revoluções ideológicas. Nenhuma destas revoluções serve para nos esclarecer a respeito do que quero dizer por revolução, porque essas revoluções todas tinham um denominador comum: o alvo atingido era outro; o inimigo era outro; tratava-se de outra nação, outro estado ou outro povo.

Para a conversão quaresmal a que nos referimos neste primeiro domingo da Quaresma, a conversão deve ser feita contra nós mesmos, contra o inimigo que habita dentro de nós. O machado já está posto à raiz das árvores, mas não de qualquer árvore; não da árvore que está a nosso lado, mas de nossa própria árvore. E se ela não der bom fruto, será arrancada e cortada. É para esta conversão que nos chama e nos convida O Senhor nesta Quaresma.

Cada um de nós pense, por exemplo, o que significou a conversão para Zaqueu; o que significou a conversão para a pecadora da Galiléia; o que significou a conversão para Saulo de Tarso. Para todos estes foi uma mudança radical no estilo de vida.

Deus nos dá a graça e nós Lhe suplicamos que não deixemos, em vão, correr ou passar a graça de Deus.

Ouça a pregação:

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