Homilia Pe. Fernando Cardoso 22/02/2012

Hoje iniciamos a Santa Quaresma, e aqueles telespectadores interessados em reter os retiros por mim pregados nos dias de carnaval, até ontem, podem consultar meu site pessoal.

Na carta de São Paulo aos Coríntios, o Apóstolo hoje nos diz o seguinte: “como colaboradores de Deus, nós vos exortamos a não acolherdes em vão a graça de Deus.”

Este é o momento oportuno, este é o dia da salvação. Hoje, muitos fiéis lotam as nossas igrejas; querem receber cinzas e um pouquinho de cinzas é lançado sobre suas cabeças. E para que? Para que nós nos recordemos daquilo que somos: “lembra-te homem, que és pó e voltarás ao pó.”

A sociedade pós-moderna em que vivemos é responsável por um sem número de conquistas no campo tecnológico, e todos os dias nos superamos e nos surpreendemos, com tudo aquilo que conseguimos fazer. Mas há uma coisa que a tecnologia última, presente e até futura, não é capaz de conseguir: conceder-nos o dom da imortalidade.

Somos pó e voltaremos ao pó. Sairemos inexoravelmente desta história, e a única porta de saída desta história, é a morte que nos espera. Aliás, é a realidade mais certa, ainda que envolvida das maiores incertezas. Não sabemos como, quando, onde e em que circunstâncias haveremos de deixar este mundo, e se assim é, nossa Quaresma que hoje se inicia, convida-nos a colocarmos os pés no chão.

Somos peregrinos e viajantes e, de fato ou de resto, se a morte não existisse, seria necessário inventá-la. Como? Alguém gostaria de viver neste mundo por todos os séculos dos séculos, por bilhões e bilhões de anos? Não fomos feitos para isto também. Somos inquilinos, viajantes e peregrinos.

A Quaresma que hoje se inicia, coloca-nos diante desta perspectiva realista, e nos faz viver de tal maneira, que aquele último e definitivo dia não nos apanhe despreparados, desprevenidos e despreocupados. E por isto mesmo tratemos de nos converter enquanto é tempo.

“Eu vos exorto” – repete São Paulo – “a que não recebais em vão a graça de Deus.” Não desperdicemos uma Quaresma, porque não sabemos quantas ainda teremos pela frente.

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