Homilia do Pe Fernando Cardoso - 23 de março de 2011

Jesus, no texto evangélico de Mateus, hoje encontra-Se a caminho de Jerusalém, a cidade da paixão. Os discípulos o acompanham, mas num quadro contrastante e desconcertante, Mateus os mostra ávidos de grandeza. Desta feita são os dois irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu. Através da mãe, que serve de interlocutora, desejam obter um favor de Jesus. Que querem? Nada menos que sentar-se um à direita e outro à esquerda no Reino de Deus, que Jesus anunciava próximo em Sua pregação.

“Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que estou para beber?” Por cálice nós entendemos o destino severo e doloroso que esperava Jesus. “Podemos” – respondem os dois de maneira afoita e impensada. Jesus conclui: “Meu cálice efetivamente bebereis, quanto a sentar-se à minha direita ou minha esquerda, é reservado ao Pai que está nos céus.

O importante para nós hoje, é que o cálice de Jesus estes dois, mais tarde, convertidamente beberam, cada um a seu modo. De Tiago, sabemos que foi o primeiro dos doze a ser martirizado. Ele foi decapitado por ordem de Herodes Agripa I, entre 41 e 44 da nossa era. Quanto a João, não estamos bem informados a respeito do como teria sido martirizado e, a seu modo, bebido também ele do cálice de Jesus.

Nós não queremos ter esta pretensão; sentarmos à direita ou à esquerda. Porém, o cálice de Jesus nós precisamos beber. Um salmo diz o seguinte: “Beberam o cálice do Senhor, e se tornaram amigos de Deus.” Aquele que for capaz de beber o próprio cálice como Jesus bebeu o Seu, aquele que unir sua cruz à cruz de Jesus, aquele que não poupar esforços e for capaz de renegar-se a si mesmo e tomar a própria cruz, este também tornar-se-á, como Tiago e João mais tarde, amigo de Deus. Agora, no entanto, trata-se de beber o cálice. E a Quaresma ensina-nos como beber este cálice com paciência, com amor e, sobretudo, com esperança.

Comentários