Homilia do Pe Fernando Cardoso 13 de março de 2011

Neste primeiro domingo da Quaresma, de longa tradição, proclama-se aos fiéis na Igreja, um texto sinótico que fala das tentações de Jesus. Desta feita nós o lemos em Mateus. Jesus foi realmente tentado? A resposta hoje é afirmativa; Jesus foi tentado ao longo de Sua vida pública. As tentações de Jesus, reais e não fictícias, foram tentativas de Satanás em desviar Jesus do destino que Lhe era traçado por Deus Pai, isto é, o destino do Justo sofredor. A este ponto, a pergunta pode ser modificada. Mas existe mesmo o tentador; existe o diabo? Na verdade, existem muitos cristãos e católicos que não crêem no diabo. É preciso fazer uma distinção; crer no diabo não é a expressão feliz. Nós cremos em Deus, porque crer significa colocar a confiança absoluta em, e nós, evidentemente, não colocamos nossa confiança absoluta em Satanás. Neste sentido, não cremos em Satanás. Aceitamos, no entanto, sua existência através dos textos da Revelação e sobretudo os textos do Novo Testamento.

Esta questão da existência ou não de Satanás parece a muitos uma discussão de biblioteca, uma discussão cerebrina, uma discussão sem grandes conclusões. Na verdade, Satanás não se importa com pessoas medíocres, com pessoas que estão na lama do vício e do pecado; estes são seus, estes já estão da sua parte e trabalham em função de Satanás. Satanás aparece em toda a sua virulência na vida dos Santos, na vida daqueles que desejaram converter-se verdadeira e definitivamente para Deus. Satanás aparece na vida daqueles que, definitivamente, despediram-se de todos os vícios e de todos os pecados; estes abandonam o império de Satanás e isto faz sim com que o demônio se assuste; perder súditos.

Na verdade, a Igreja coloca-nos este texto diante dos olhos para que cada um de nós leve a sério esta presença sinistra. Não é preciso temê-lo, mas também não brinquemos com o fogo. Repito; basta que uma pessoa queira deveras converter-se, para que sinta a força virulenta das tentações e as insinuações do mal na própria vida. Este, longe da biblioteca, dos livros e das discussões teológicas, experimenta a força negativa de Satanás.

Comentários