Bento XVI pede respeito aos direitos das minorias no Iraque

Leonardo Meira
Da Redação CN, com Bollettino della Sala Stampa della Santa Sede (tradução de CN Notícias)

O Papa Bento XVI recebeu nesta sexta-feira, 2, as cartas credenciais do novo embaixador do Iraque diante da Santa Sé, Habbeb Mohammed Hadi Ali Al-Sadr.

O Pontífice pediu que o diplomata transmitisse ao presidente Yalal Talabani suas respeitosas saudações e a garantia de suas orações pelo "paz e bem-estar de todos os cidadãos" iraquianos.

Bento XVI recordou que, nas eleições de março deste ano, a nação deu ao mundo "um claro sinal de que deseja ver o fim da violência e que elegeram o caminho da democracia, através do qual aspiram viver em harmonia uns com os outros dentro de uma sociedade justa, pluralista e inclusiva. [...] É de esperar que se chegue rapidamente à formação de um novo governo para que se cumpra o desejo do povo de viver em um Iraque mais estável e unificado".

Neste sentido, assegurou que a Santa Sé, "que sempre valorizou suas excelentes relações diplomáticas com o Iraque, seguirá prestando toda a assistência possível para que assuma o lugar que lhe corresponde como um país líder na região, com muito que agregar à comunidade internacional".

Referindo-se, em seguida, às medidas que deverá adotar o novo governo "para incrementar a segurança de todos os setores da população, especialmente das minorías", Bento XVI citou a situação dos cristão, que "desde os primeiros dias da Igreja estiveram presentes na terra de Abraão, uma terra que faz parte do patrimônio comum do judaísmo, cristianismo e Islã".

"Embora os cristãos constituam uma pequena minoria da população iraquiana, podem oferecer uma valiosa contribuição para sua reconstrução e recuperação econômica, através do apostolado no âmbito educativo e da saúde, enquanto que sua participação em projetos humanitários proporciona uma assistência muito necessária na construção da sociedade. No entanto, para desempenhar plenamente seu papel [...], devem saber que é seguro para eles permanecer ou retornar a seus lares e necessitam de garantias de que lhes restituirão suas propriedades e de que seus direitos serão assegurados".

O Santo Padre falou também dos "numerosos atos de trágica violência cometidos contra membros inocentes da população, tanto mulçumanos quanto cristãos, [...] que são contrários tanto aos ensinamentos do Islã quanto às leis do cristianismo. Este sofrimento compartilhado pode originar um vínculo profundo, fortalecendo a determinação de mulçumanos e cristãos de trabalhar pela paz e reconciliação. A história demonstrou que alguns dos incentivos mais poderosos para superar as divisões vêm do exemplo daqueles homens e mulheres que, tendo escolhido o caminho de dar testemunho dos valores mais altos com a não violência, perderam suas vidas através de covardes atos de violência".

O Papa recordou, neste sentido, o Arcebispo Paulos Faraj Rahho e o padre Ragheed Ganni, manifestando o desejo de que "seu sacrifício e o sacrifício de tantos outros como eles fortaleçam no povo iraquiano a determinação moral necessária para que as estruturas políticas garantam uma maior justiça e estabilidade".

Falando do compromisso do governo iraquiano de respeitar os direitos humanos, Bento XVI recordou que "entre os direitos humanos que devem se respeitar plenamente para alcançar o bem comum, assumem grande importância os direitos àl iberdade de religião e de culto, porque permitem aos cidadãos viver em conformidade com sua dignidade trascendente. [...] Portanto, espero e rezo para que esses direitos não somente sejam reconhecidos na legislação, mas que se disseminem pelo tecido social, para que todos os iraquianos desempenhem o papel que lhes corresponde na formação de uma sociedade justa, moral e pacífica".

Por fim, o Pontífice falou da próxima Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, que "oferecerá uma excelente oportunidade para explorar o papel e o testemunho dos cristão nas terras da Bíblia, e impulsionar a importante tarefa do diálogo interreligioso, que pode contribuir de grande maneira com o objetivo da coexistência pacífica na estima e respeito mútuos entre os seguidores de diferentes religiões".

"É minha sincera esperança que o Iraque emerja das experiências difíceis da década passada como um modelo de tolerância e cooperação entre muçulmanos, cristãos e outros no serviço aos mais necessitados", espera o Santo Padre.

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