Santa Sé recebe lefebvrianos para diálogo doutrinal

O Vaticano acolheu nesta segunda-feira, 26, o primeiro encontro entre representantes da Comissão Pontifícia "Ecclesia Dei" e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada por monsenhor Marcel Lefèbvre.

O objetivo do encontro foi "examinar as dificuldades doutrinais que ainda subsistem" nas relações entre as duas partes.

Segundo comunicado da Santa Sé, o debate aconteceu num "clima cordial, respeitoso e construtivo", abordando as questões de "caráter doutrinal que serão tratadas e discutidas no decorrer dos diálogos que acontecerão nos próximos meses", provavelmente com uma frequência bimestral.

Em particular, serão examinadas as questões relacionadas ao conceito de "Tradição", a interpretação do Concílio Vaticano II e a celebração da Missa após as alterações conciliares.

Além disso, serão abordados temas como o ecumenismo, relações com outras religiões e liberdade religiosa.

Entenda melhor

Em março deste ano, o Papa Bento XVI tornou pública uma carta dirigida aos bispos católicos de todo o mundo para explicar a remissão das excomunhões de quatro bispos da Fraternidade São Pio X, no mês de janeiro, que tinham sido ordenados pelo falecido Arcebispo Lefebvre sem mandato pontifício, no ano de 1988.

Nessa altura, revelou a intenção de unir a Comissão "Ecclesia Dei" - instituição competente desde 1988 para as comunidades e pessoas que, saídas da Fraternidade São Pio X ou de idênticas agregações, queiram voltar à plena comunhão com o Papa - à Congregação para a Doutrina da Fé.

"Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas", explicava.

Em julho, com o Motu Proprio "Ecclesiae unitatem", Bento XVI apresentou uma nova estrutura da Comissão instituída em 1988, por João Paulo II. O Papa indicou que a remissão das excomunhões foi um procedimento canônico "para libertar as pessoas do peso da mais grave censura eclesiástica", mas sublinhou que "continuam em aberto as questões doutrinais".

Até que estas sejam esclarecidas, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X "não pode gozar de um estatuto canônico na Igreja e os seus ministros não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja".

Redação CN

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